Decolonizar o pensamento: o exercício diário mais libertador para 2025
Leia a coluna de Bianca Benemann, escrivã da Polícia Civil e apresentadora do programa Elas por Elas, transmitido toda quarta-feira através da Clic Rádio.
Dentre os inúmeros desejos que recebemos, entre saúde, paz e felicidade, eu te desejo LIBERDADE.
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Só que não há liberdade possível sem decolonizar nosso pensamento.
Desde a invasão de Portugal em 1.500, sofremos com o processo do colonizador que nos ensina desde sempre que o melhor está fora, que há a necessidade de possuir, adquirir, comprar, nesse inesgotável sentimento de falta.
Vivemos iludidos no projeto de adquirir o carro do ano e, quando conseguimos, entramos no último modelo e percebemos que ainda há a falta e partimos para a aquisição de novos bens, nesse ilusório conto de fadas.
A literatura acompanha meus dias, pois acredito, assim como Sócrates, que só o conhecimento liberta.
Então, a última coluna só pode ser sobre o melhor livro que li em 2024: “A terra dá, a terra quer”, do filósofo quilombola Antonio Bispo dos Santos.
A obra discorre sobre o Colonialismo de Submissão, expressão cunhada por Nego Bispo sobre o colonialismo praticado pelos subservientes.
Somos moldados para crer que tudo que vem de fora é melhor do que o que compartilhamos no lugar em que vivemos, pois, não amando o que está ao nosso redor, não cuidamos e nem protegemos.
Quando quem merece reverência é a terra que pisamos todos os dias, a que nos dá o alimento, a sombra, o banho.
Conheço rios e lagos do mundo, mas o melhor abraço é o da Lagoa dos Patos. Cachoeiras, já vi dezenas, mas nenhuma arranca a gargalhada de felicidade dos meus filhos como a Barbosa Lessa.
Surpreendi-me a primeira vez que vi gaúchos baterem palmas para o pôr do sol em Punta del Este. Será que já vivenciaram o deslumbramento do por do sol da barragem do Arroio Duro?
Não há nada mais contra colonizador que amar a terra em que pisamos.
E encerro dizendo que não adianta na virada vestir rosa, vermelho, amarelo, se seguirmos tendo as mesmas condutas que nos trazem incompletude. A vida está no nosso agir e, como diz Nego Bispo, “plante o que precisar, e a terra lhe dará o que merecer”.