Como as pesquisas de mercado identificam as personas de um produto
Leia a coluna de Elis Radmann, cientista social e política e diretora do Instituto de Pesquisa e Opinião.
Cada um de nós, independente da nossa consciência ou vontade, representa uma persona.
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No mundo das pesquisas de mercado, as personas são representações, personificação dos tipos de clientes ou consumidores, construídas com base na análise de dados de pesquisa que incluem dados socioeconômicos, fatores comportamentais, psicológicos, hábitos e preferências.
Significa dizer que cada um de nós tem um padrão de consumo, de preferência, de estilo de vida, de espiritualidade, valores sociais e morais e, até mesmo, ideologia.
Quando navegamos pela internet, vamos deixando nossas marcas digitais. Cada click mostra interesses, curiosidades, sonhos e preocupações. O Google sabe tudo o que você pesquisa, até nos momentos de intimidade, de felicidade, medo ou raiva. E os analistas, que avaliam essa jornada através de algoritmos, definem qual é a sua persona! Muitas vezes sabem mais sobre você do que você mesmo! Não é à toa que você recebe dicas de filmes ou de séries na Netflix que fazem muito sentido para você!
Nas pesquisas de mercado realizadas com consumidores também funciona dessa forma. Quando se quer analisar as personas de um produto, é necessário compreender os motivadores de consumo, respondendo “quais são os tipos de personas que procuram determinado produto”. Nunca é um motivo só, nunca é um perfil único.
Cada um pode utilizar o Uber por um motivo, cada um pode procurar o Airbnb por um propósito distinto ou escutar música no Spotify de um jeito diferente. E isso tem a ver com várias variáveis. Além da questão econômica, está associada a quem somos como usuários, clientes, consumidores, mas principalmente a qual o nosso estilo de vida, o que valorizamos.
Vamos a exemplos, para ilustrar esta reflexão. Uma pessoa com estilo de vida minimalista vai reduzir o consumo de bens, focar em experiências. Significa que vai comprar menos, não vai se preocupar em ter casa própria e carro e irá investir muito em qualidade de vida. Irá cuidar da saúde física e mental, vai usar o Uber como sistema de transporte preferencial, irá investir em pacotes de viagens, conhecer pessoas e lugares e receber as dicas do Airbnb para o próximo destino. E, por onde andar, vai escutar música e ser classificado pelo sistema do Spotify como um “descobridor”, alguém que vai experimentar o que a plataforma tem a oferecer.
Por outro lado, uma pessoa com consumo racional, que calcula custo X benefício, vai se preocupar em seguir a tendência social: estudar, trabalhar, economizar, adquirir bens, e esse comportamento irá desenhar a sua persona. Vai dizer muito sobre seus comportamento e decisões futuras.
E o mais interessante é que, quando o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião realiza estudos sobre personas, confirma que a visão de mundo e a cultura do individuo acabam lhe colocando em uma “caixinha” como cliente, consumidor e até mesmo como eleitor. Não é por acaso que a letra de uma música diz “somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter”.