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18 de setembro de 2024

Os candidatos da segurança pública na eleição de 2024


Por Kathrein Silva Publicado 12/08/2024
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Foto: divulgação

Leia a coluna de Elis Radmann, cientista social e política e diretora do Instituto de Pesquisa e Opinião.

Uma das perguntas que têm sido recorrentes, principalmente nas grandes cidades, é sobre o peso que o tema segurança pública tem na decisão do eleitor.

Tenho respondido que, quanto maior a sensação de (in)segurança da população, maior será a importância da pauta da segurança nas eleições da cidade. As pesquisas de vitimização realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião indicam que a vulnerabilidade social e a fragilidade das estruturas familiares também ampliam essa sensação de (in)segurança. Então, cidades urbanizadas, com alto índice de criminalidade, maior vulnerabilidade e famílias desestruturadas, tendem a se preocupar mais com a segurança pública, seja para coibir e controlar a violência, seja para ampliar a sensação de segurança das famílias.

De uma forma geral, conforme varia a agenda da eleição, há o desejo por um tipo ideal de Prefeito, definindo as habilidades e competências que farão parte da disputa. Em uma cidade com problemas graves na área da saúde, o sonho é por um Prefeito médico. Se a segurança é o principal tema, a aspiração é por um gestor da segurança, inflacionando a valorização dos cargos na frente do nome do candidato.

Agora, quando a cidade está com os serviços precarizados de forma geral, com problemas na saúde, segurança, educação e zeladoria, o eleitor irá aderir ao candidato “líder trabalho”, aquele que mostre que tem capacidade de gestão, independente do segmento de atuação. Também tem as cidades com alto grau de corrução, onde o “líder credibilidade” é o preferido, com uma campanha feita em cima da moralidade, falando de honestidade.

Tem-se observado que em muitas cidades pelo país afora, os partidos continuam a apostar em candidatos que representam a segurança pública, com crescimento de representantes da esquerda. Após a ditadura militar, criou-se uma premissa que estimulou uma cultura de que os profissionais de segurança não deveriam se envolver com política, quase como uma censura política. O ex-Presidente Bolsonaro quebrou este estigma ao chamar os profissionais de segurança para o jogo eleitoral, trabalhando a tese da segurança associada à moralidade política. Esse movimento incentivou profissionais da segurança de diferentes espectros políticos a participarem como protagonistas, seguindo uma tese do marketing que diz que: “quando não se ganha, se empata”.

E, como os eleitores se sentem mais inseguros em cidades onde há uma grande desigualdade social, altos índices de violência urbana e disputas entre traficantes de grupos rivais, é necessário que se tenha um candidato a Prefeito ou vice que represente a área militar. Esse tipo de cenário exige um político que tenha o “penso” do aparato repressivo, que consiga enxergar como a máquina funciona e como elaborar estratégias de contenção. Nestas chapas, os profissionais da segurança trazem para a população a sensação de que “a cidade poderá estar em boas mãos”, que terá “um expert, que sabe o que está acontecendo”.