A honestidade da mulher de César
Leia a coluna de Nelson Egon Geiger, advogado e comentarista de toda quarta-feira no programa Bom Dia Camaquã, transmitido através da Clic Rádio.
“César entendia que sua mulher além de ser honesta tinha de parecer tal. Políticos honestos devem agir assim, como relato um caso. Mas, no atual descomando do Brasil parece que essa preocupação está dispensada. Processados e investigados entram e ficam no desgoverno”.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
Somente insisto naqueles assuntos em que vislumbro se possa fazer alguma coisa. Como o que se pode exigir e se deve controlar de nossos mandatários eleitos pelo voto. Quando votamos em determinado candidato podemos cobrar que trabalhe para o que prometeu; e que inspire confiança.
Júlio Cesar considerado um grande administrador do passado não foi eleito pelo voto. Nem era herdeiro do trono de Roma, inexistente em sua época. Roma era uma república amparada nas idéias gregas anteriores. César, militar, culminou em ser a figura na transposição de república para império. Com o cargo de Tribuno Militar formou com Pompeu e Crasso um triunvirato. Dissolvido esse Cesar se tornou ditador perpétuo de Roma.
Para o cargo que tinha antes necessitava ser casado. Daí ter esposado Cornélia. A sua segunda esposa era uma jovem muito bonita, Pompéia. Dessa se divorciou (veja a seguir) e estava casado com Calpúrnia quando foi assassinado em frente às portas do Senado Romano em 44 AC.
Pois bem, estando casado com a bela Pompéia esta lhe pediu autorização para fazer uma grande festa no palácio só para mulheres. Ocorre que Públius Clodius, um admirador dela se disfarçou de mulher e ingressou na festa como se fosse uma integrante do conjunto de música.
O inusitado fato vazou. Roma se inundou de comentários. Embora nada tivesse acontecido entre ela e o admirador, César se divorciou alegado que “a mulher de César não bastava ser honesta; também tinha de parecer honesta.” Ate hoje essa lição do grande líder é mencionada quanto à honestidade de agentes políticos.
Trago um exemplo. Até mesmo porquanto o Ministro tinha sido meu líder político. E fora meu chefe quando foi Diretor de Recursos Humanos do Branco do Brasil, nos anos de 1985 e 1986.
Deputado Federal em tempos do velho MDB, na época do Regime Militar, ocupou a liderança do Partido na Câmara Federal: Odacir Klein, nascido em Getúlio Vargas, cidade que também foi Prefeito. Novamente Deputado Federal, então pelo PMDB, a partir de 1991 a 1999.
Nesse cargo foi chamado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso para ser Ministro dos Transportes. Na seqüencia das enchentes havidas sem dezembro de 1995 e janeiro de 1996 em Camaquã, prontamente atendeu ao pedido de fazer a ponte seca na BR 116 em frente à Vila Getúlio Vargas/ Que eliminou os problemas.
Em um domingo ele transitava em Brasília com um filho na direção quando houve um acidente que resultou em um operário morto. Odacir pediu demissão do cargo a FHC. Disse ao Presidente, enquanto se apura o acidente não mereço confiança. Não posso prejudicar teu governo. Exemplo de ética e de respeito à nação.
Pois atualmente tem Ministro que responde a inquérito no qual foi indiciado por corrupção passiva, fato que em nível de confiança popular é muito pior do que um crime culposo de acidente de transito e não entrega seu ministério. Até mesmo assegurado pelo desgoverno que afirma que “ele tem o direito de se defender”. Sim, claro, mas tem de tratar de sua defesa fora do cargo. Não usando prerrogativa governamental. Ética zero. Aliás, nada mais se pode esperar dos desmandos atuais. Não aprenderam a lição de César.
EDIÇÃO de 20 de junho de 2024.__.