CEO do Carrefour emite carta de retratação a produtores brasileiros após polêmica
Na carta, Bompard lamentou a repercussão negativa e declarou que a comunicação do Carrefour França pode ter causado “confusão” ou sido “interpretada como um ataque” à agricultura brasileira
O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, emitiu uma carta de retratação sobre declarações polêmicas relacionadas à carne brasileira. A iniciativa surge após o anúncio de que a rede francesa deixaria de adquirir proteínas animais provenientes de países do Mercosul.
De acordo com informações do portal Neofeed, o documento foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a membros do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Motivo da Decisão e Impactos
Na última quarta-feira (20), Bompard afirmou que as proteínas do Brasil não atendem aos padrões exigidos pelo governo francês. Contudo, a medida afeta exclusivamente as operações do Carrefour na França, sem impacto sobre as unidades da rede em outros países.
O anúncio ocorreu em meio à pressão de agricultores franceses contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que promete movimentar até R$ 274 milhões em produtos agrícolas e beneficiar um mercado de 780 milhões de consumidores.
A decisão gerou retaliação imediata no Brasil. Frigoríficos como Marfrig e JBS, responsáveis por 80% do fornecimento de carnes para o Carrefour no país, interromperam o abastecimento. Outras empresas, como Masterboi e Minerva, também aderiram ao boicote.
O Pedido de Desculpas
Na carta, Bompard lamentou a repercussão negativa e declarou que a comunicação do Carrefour França pode ter causado “confusão” ou sido “interpretada como um ataque” à agricultura brasileira. Ele reforçou, porém, que a decisão não será revista.
“A Carrefour França é a principal parceira da agricultura francesa, comprando quase toda a carne que utiliza de produtores locais, algo que seguirá inalterado. Essa decisão visa garantir o apoio contínuo aos agricultores franceses em meio à grave crise que enfrentam”, disse Bompard.
Ele enfatizou que a medida não teve como objetivo interferir nas regras de mercado ou desrespeitar parceiros internacionais, mas sim atender às demandas dos consumidores franceses.
Mediação Diplomática
O governo brasileiro já esperava a retratação. Na segunda-feira (25), o ministro Carlos Fávaro confirmou que a embaixada da França estava intermediando uma solução para amenizar o conflito.
“O embaixador francês se ofereceu para dialogar com o grupo Carrefour e propor uma retratação para resolver a questão”, afirmou Fávaro em entrevista à TV Globo.
Apesar do desconforto gerado pela decisão, o ministro destacou que a relação diplomática entre Brasil e França permanece sólida. Ele, no entanto, classificou a atitude do CEO do Carrefour como “desrespeitosa” com os parceiros brasileiros.
Essa situação ressalta as tensões comerciais e diplomáticas decorrentes de pressões regionais e questões ambientais, mas também reforça a importância do diálogo para solucionar impasses em mercados globais.
Leia o pedido de desculpas na íntegra: