Exportação de tabaco deve apresentar queda de até 15% no volume e aumento de até 25% no valor em 2024
As exportações de tabaco devem apresentar redução no volume embarcado em 2024, mas um aumento relevante em divisas, o que pode ser até 25% superior ao registrado em 2023, quando o Brasil exportou US$ 2,72 bilhões. As projeções para 2024 indicam queda no volume, entre -15% e -10,1%, e aumento no valor das vendas externas, entre 20,1% e 25%.
Os dados são a conclusão da consultoria Deloitte, a partir dos dados fornecidos por associadas do SindiTabaco.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
Em 2024, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC/ComexStat), entre janeiro e julho de 2024, foram embarcadas 227.794 toneladas, o que representa -14,58% em relação ao mesmo período de 2023. Já em dólares, foram US$ 1,44 bilhão, uma variação de -0,15% se comparado com o ano anterior. Bélgica, China, Estados Unidos, Indonésia e Egito estão entre os maiores importadores até o momento.
A tendência de um volume menor já pode ser percebida através dos dados consolidados até o momento, avalia Iro Schünke, presidente do SindiTabaco, com uma ressalva: “Ocorre que o maior volume de embarques é realizado no segundo semestre, em especial nos três últimos meses do ano. É aí que veremos de forma mais cristalizada esses números apresentados pela consultoria e, certamente, vamos ultrapassar a marca dos US$ 3 bilhões de dólares em 2024”.
O Brasil é o maior exportador mundial de tabaco desde 1993. Os resultados mantêm a tradição brasileira como maior exportador mundial de tabaco. De acordo com a avaliação do presidente do sindicato, “em 2024, o tabaco certamente será um setor que vai contribuir positivamente com o saldo da balança comercial, em especial no Rio Grande do Sul, onde o agronegócio foi muito castigado pela enchente em um momento em que nosso setor passava pela entressafra no campo”.
Maiores importadores
Até julho de 2024, os maiores importadores foram: Bélgica (US$ 353 milhões), seguida pela China (US$ 302 milhões), Estados Unidos (US$ 145 milhões), Indonésia (US$ 76 milhões) e Egito (US$ 54 milhões).
O que isso representa?
O tabaco representa, até o momento, 0,73% do total exportado pelo Brasil. Também representa 11,70% das exportações do Rio Grande do Sul (que é o estado que mais produz e exporta tabaco) e 4,55% das exportações da região Sul.
Tabaco no RS
O Rio Grande do Sul mais uma vez lidera o ranking de produção de tabaco no Sul do país, com 219,9 mil toneladas. Em Santa Catarina e Paraná a produção ficou em 150,3 mil e 137,7 mil, respectivamente. Os dados são da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) que monitora o setor no país.
No total, a produção de tabaco da safra 2023/2024 registrou 508 mil toneladas, cultivadas em 509 municípios do Sul do Brasil. De acordo com a Afubra, em muitos deles, a produção das folhas constitui o principal pilar da economia. Além da maior produção, o RS também tem o maior número de municípios com a cultura do tabaco. São 201 contra 184 de Santa Catarina e 124 do Paraná.
Ranking
Canguçu segue sendo o município com maior produção estadual e nacional de tabaco, com 4.964 famílias produzindo 18,1 mil toneladas na safra mais recente. O município da Zona Sul do estado é conhecido como a Capital Nacional da Agricultura Familiar e é considerado o município com o maior número de minifúndios do Brasil. A cidade tem cerca de 14 mil propriedades rurais, sendo que cerca de 9 mil têm entre 5 e 25 hectares.
Entre os 25 maiores produtores de tabaco do estado, estão São Lourenço do Sul (3º), Camaquã (7º) e outros municípios da região. Dom Feliciano (8º), Chuvisca (16º) e Amaral Ferrador (18º) também aparecem no ranking.
Confira a produção dos municípios da região no ranking estadual:
- São Lourenço do Sul – 3º – 3.784 famílias – 13,9 mil toneladas na safra 2023/24
- Camaquã – 7º – 2.076 famílias – 8 mil toneladas na safra 2023/24
- Dom Feliciano – 8º – 1.888 famílias – 7,7 mil toneladas na safra 2023/24
- Chuvisca – 16º – 1.080 famílias – 4 mil toneladas na safra 2023/24
- Amaral Ferrador – 18º – 839 famílias – 3,7 mil toneladas na safra 2023/24
O Rio Grande do Sul participou com 43,3% na produção sul-brasileira, com uma área de 125.996 hectares cultivados por 68.582 famílias produtoras. Com os problemas climáticos, a produtividade ficou 20,1% menor que na safra passada.
Texto: Pablo Bierhals