Peixe-das-nuvens: espécies ameaçadas de extinção vivem em poças d’água e podem ser encontradas no perímetro de duplicação da BR-116
São mais de 40 espécies que vivem em charcos do pampa gaúcho e são alvos de estudos para preservação por parte do grupo de gestão ambiental que atua nas obras de duplicação da rodovia
Os peixes-anuais, também conhecidos como peixes-das-nuvens, são espécies ameaçadas de extinção que podem ser encontradas no pampa gaúcho, incluindo em regiões próximas de obras de duplicação da BR-116. Essas espécies (mais de 40 encontradas no RS), vivem em poças d’água e há inclusive quem duvide de sua existência.
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De acordo com Cauê Canabarro, educador ambiental da STE, empresa responsável pela gestão ambiental das obras de duplicação, equipes de educação ambiental e comunicação social atuam servindo de interface para conscientizar a população sobre a existência dos peixes-anuais e divulgar as ações ambientais realizadas.
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As espécies fazem parte da família Rivulidae, vivem por pouco tempo e dependem das chuvas para a eclosão de seus ovos. Medindo menos de cinco centímetros em sua maioria, boa parte das espécies é registrada em várzeas, banhados e charcos que se mantém alagados entre seis e oito meses por ano. Nesse período, ocorre sua reprodução. Com a seca da área, os adultos morrem, mas os resistentes ovos desses animais permanecem aguardando até a chegada do período chuvoso seguinte, em um processo chamado de diapausa, quando então um novo ciclo de vida é iniciado.
Em razão da distribuição geográfica restrita (alto endemismo), e à fragilidade de seus habitats (rasos, alagados temporariamente e de dimensões reduzidas), os quais são altamente sujeitos à ação humana, os peixes-anuais são considerados os animais vertebrados mais ameaçados do Brasil e de toda a região Neotropical, conforme divulga a STE. Também por essas características, são considerados grupo-alvo em estudos e processos de licenciamento e monitoramento ambiental de empreendimentos.
Em Camaquã, há relatos não oficiais da ocorrência do peixe na Escola Chequer Buchaim (Agrícola). Em outros municípios da região, como Cristal, também há evidências de sua existência.
Além dos peixes-anuais, o grupo também monitora e atua na educação ambiental sobre outras espécies. Durante a ExpoCamaquã 2024, foi realizada uma exposição de animais taxidermizados que podem ser encontrados ao longo da BR-116, entre Guaíba e Pelotas. Eles são vítimas constantes de atropelamentos: graxaim, zorrilho, tartaruga-tigre-d ‘água, tatu-mulita e ratão-do-banhado.
Assista abaixo vídeo produzido pela STE sobre os peixes-anuais:
Texto: Pablo Bierhals