Usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso portal, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com este monitoramento. Leia mais na nossa Política de Privacidade.

21 de setembro de 2024

Brasil pode ser impactado por temperaturas acima do normal que ocorrem na Antártida

As temperaturas superficiais em partes da Antártida subiram quase 30ºC acima do normal nos últimos dias, afirma MetSul Meteorologia


Por Pablo Bierhals Publicado 06/08/2024
Ouvir: 00:00
1280 x 720 (44)
Foto: UNIVERSITY OF MAINE/ via MetSul

Os cientistas estão descrevendo uma “onda de calor” ocorrendo na Antártida, com temperaturas superficiais 30ºC acima do normal nos últimos dias. O clima continua congelante no território, mas a mudança climática é rara e pode impactar o Brasil. As informações são da MetSul Meteorologia.

“Essa onda de calor é um evento quase recorde (ou recorde) para a região da Antártida em que está tendo o maior impacto”, disse Edward Blanchard, cientista atmosférico da Universidade de Washington, em um e-mail ao jornal Washington Post. “Atinge uma grande parte da Antártida Oriental, que compõe a maior parte do continente”, destaca.

Conforme explicam, a “onda de calor” polar chega no meio do inverno antártico, quando a temperatura na região atinge marcas em média de 20ºC negativos com picos de até -70ºC ou -80ºC em algumas estações. As anomalias positivas de temperatura estão entre as mais altas no planeta.

São vários dias seguidos em que estações na Antártida registram marcas 20ºC a 30ºC acima do normal. Como comparação o que representa uma anomalia de temperatura de 30ºC, é como se Porto Alegre tivesse 60ºC de temperatura numa tarde de janeiro, mês que tem média máxima de 31ºC na capital gaúcha, onde o recorde de máxima é 40,7ºC (1º/1/1943).

De acordo com as informações da MetSul, as temperaturas vinham acima a muito acima da média desde a maior parte de julho, mas no final do mês e neste começo de agosto os desvios positivos de temperatura aumentaram ainda mais com extremos muito raros.

A estação do Polo Sul teve seu julho mais quente desde 2002, cerca de 6,3ºC acima da média, de acordo com o analista de temperatura da Antártida Stefano Di Battista. De 20 a 30 de julho, a temperatura média na estação foi -47,6ºC, que é uma temperatura típica para o final de fevereiro, no fim do verão na Antártida. Vostok, no centro da camada de gelo oriental, teve seu julho mais quente desde 2009, cerca de 6,5ºC acima da média.

Ainda que grandes partes do continente tenham sido excepcionalmente quentes nos últimos dias, uma onda de frio trouxe frio extremo em parte da Antártida em julho. No dia 17, as estações meteorológicas em Dome Fuji despencaram para -82,1ºC, segunda temperatura mais baixa de julho já registrada.

A MetSul explica como estes extremos na Antártida vão nos impactar

A perturbação do vórtice polar com temperatura absurdamente acima do normal perto do Polo Sul, com ventos mais fracos ao redor do continente gelado, acabará por trazer impactos no Brasil e que serão sentidos já nos próximos dias.

O que vai acontecer? Com a Oscilação Antártica atipicamente negativa e por efeito os ventos mais fracos em torno da Antártida, abre-se a porta para o escape de ar muito frio para Norte em direção às latitudes médias na América do Sul, Sul da África, Austrália e Oceania.

No nosso caso, modelos numéricos já indicam uma incursão de ar gelado nas latitudes médias da América do Sul no final desta semana que vai trazer muito frio para o Sul do Brasil. Os mesmos dados apontam ainda que no começo da semana que vem há chance de um segundo pulso de ar frio.

Com o avanço do ar frio de origem polar mais para Norte, frente fria vai conseguir se deslocar mais ao Norte pelo território brasileiro e levar chuva no auge da estação seca para áreas do Centro-Oeste e do Sudeste, especialmente nos estados do Mato Grosso do Sul e de São Paulo.