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28 de novembro de 2024

Instituto de Menores de Pelotas enfrenta fechamento do ensino fundamental e ameaça futuro de 175 crianças

Pais e funcionários protestam contra a decisão que pode deixar dezenas de crianças sem acesso à educação fundamental; instituição busca apoio para continuar atendendo a comunidade


Por Anelise Freitas Publicado 28/11/2024
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Manifestação Instituto de Menores / Foto: Anelise Freitas

Nesta quarta-feira (27), uma manifestação ocorreu em Pelotas contra o fechamento do ensino fundamental do Instituto de Menores. A escola, que começou a oferecer educação fundamental além da infantil este ano, tem ajudado muitas mães que não conseguiram vagas para seus filhos em outras instituições.

A diretora da escola, Patricia Frank, explicou a situação: “Nós abrimos esta escola com incentivo próprio, com doações da comunidade e algumas empresas. Durante todo este ano, tentamos uma parceria com a prefeitura, fomos inclusive várias vezes na Secretaria Municipal de Educação, conversamos com a prefeita, para assim em conjunto através do recurso com o Fundeb. Infelizmente, na semana passada recebemos a última negativa, respondendo que não iria ser possível, devido a uma análise de que não teria vagas para essas crianças no Instituto. Porém, nós não temos como manter somente com recurso próprio. Serão 175 crianças que ficarão sem escola caso não consigam essa parceria.”

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A situação afeta diretamente a vida de muitas famílias. Luciane Ludke, mãe de quatro alunos da instituição e funcionária da escola, expressou sua preocupação: “Eu tenho quatro crianças na escola; um na educação infantil, um na primeira série, no segundo ano e uma no oitavo ano. Então, eu não consigo pensar ainda em como vai ser sem a escola, pois para mim será muito difícil, pois terei que ir em mais de uma escola para eles. Acho que não vou conseguir colocar todos na mesma escola, pois os pequenos estudam ‘perto’ um do outro, mas a maior está na oitava série.” Luciane também relatou que todos os seus filhos tiveram uma evolução muito grande desde que entraram na escola.

Tatiane Leal, responsável por seis alunos da escola, também compartilhou sua situação. Seus filhos estavam em três instituições diferentes e três turnos diferentes, sendo duas localizadas no Areal e uma no centro, pois nenhuma escola tinha vaga para todos no bairro. “Apesar de trabalhar em casa, ele é de risco, pois temos uma marcenaria com máquinas perigosas”, disse Tatiane, que voltou a trabalhar recentemente para ajudar o marido e aumentar a renda da família, evitando a necessidade de contratar um funcionário.

O filho de Tatiane, Miguel, de 9 anos, aluno do 4° ano, comentou que adora o Instituto: “Nenhuma das escolas tem o que tem aqui. Eu faço taekwondo, informática, inglês.”

A Prefeitura de Pelotas, ao ser questionada sobre a inviabilidade do convênio, declarou: “Não há respaldo legal para a utilização de recursos do Fundeb para este tipo de convênio; e há disponibilidade de vagas na rede pública municipal para esta etapa de ensino. O município não tem como justificar frente aos órgãos de controle a destinação de recursos orçamentários para vagas em escola privada, tendo disponibilidade na rede pública, e destaca ainda seu papel de parceira, mas não de mantenedora da instituição, oferecendo apoio dentro das possibilidades orçamentárias e em conformidade com as normas vigentes.”

História do Instituto de Menores de Pelotas

O Instituto de Menores Dom Antônio Zattera (IMDAZ), parte da Mitra Arquidiocesana de Pelotas, foi fundado em 3 de julho de 1924. Inicialmente chamado de Associação Protetora de Meninos Desvalidos, passou a ser conhecido como Asilo de Meninos Desvalidos de Pelotas em 1925, ganhando personalidade jurídica sob a liderança de Dom Joaquim Ferreira de Mello, então Bispo de Pelotas. O Asilo funcionava como externato em um prédio na rua Almirante Barroso, ao lado da Igreja Sagrado Coração de Jesus.

Sustentado pela Diocese, o Asilo oferecia ensino gratuito aos meninos desvalidos, mantido por subvenções governamentais, donativos e ofertas. Nos primeiros 18 meses, as condições materiais eram precárias e a falta de professores afetava tanto a administração quanto o ensino. Porém, em 1926, a chegada dos Irmãos Lassalistas a Pelotas trouxe uma virada na história.

Em 1929, foi fundado o Grêmio dos Antigos Alunos e diversas atividades extraclasse, como esporte e escotismo, foram introduzidas, enriquecendo a formação dos alunos. O ‘Colégio da Igrejinha’, como era conhecido, tornou-se popular e o número de alunos aumentou de 140 em 1926 para 300 em 1938.

Dom Antônio Zattera assumiu a responsabilidade e, em 26 de março de 1944, inaugurou o Instituto de Menores de Pelotas, ampliando as ações do Asilo de Meninos Desvalidos de Pelotas, agora localizado na Avenida Domingos de Almeida, 3150.

Atualmente, o Instituto funciona em turno integral, oferecendo alimentação e materiais didáticos 100% custeados pela instituição, tornando-se uma referência em Pelotas.

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