Mais de 700 pessoas vivem em situação de rua em Pelotas

Um levantamento realizado pelo Portal Clic Pelotas revela que a cidade de Pelotas conta com aproximadamente 700 pessoas em situação de rua, registradas no Cadastro Único. Elas não necessariamente dormem na rua, mas passam muito mais tempo na rua do que sob um teto, como por exemplo, hotéis ou albergue. No entanto, 80 pessoas efetivamente moram nas vias urbanas do município, especialmente nas calçadas em frente a lojas do calçadão no centro da cidade.

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De acordo com Tiago Bündchen, Secretário de Assistência Social de Pelotas, não há uma política pública bem estruturada para lidar com estes casos. “A gente tenta acolher, oferecer serviços, e tentar da melhor forma possível atender essas pessoas”. O secretário afirma que é difícil fazer com que estas pessoas aceitem os serviços oferecidos pela Prefeitura. A informação foi dada na última sexta-feira (28), durante entrevista ao programa Bom Dia, da Clic Rádio, emissora do Portal Clic Pelotas e integrante do Grupo Eduardo Costa de Comunicação.

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Pelotas tem 90 leitos disponíveis para pessoas em situação de rua

O município conta com uma casa de passagem, que diariamente, a partir das 7h, fornece alimentação, banho e roupas às pessoas em situação de rua. A casa conta com 90 leitos disponíveis, sendo possível a expansão para 120 leitos, conforme haja necessidade. “Entre 65 e 70 pessoas procuram os serviços diariamente”, afirma Tiago. Além disso, diariamente, o Restaurante Popular fornece cerca de 200 refeições gratuitas e 200 refeições por R$4,00 destinadas às pessoas em vulnerabilidade social.

Até final de julho, uma nova casa de passagem estará sendo disponibilizada às pessoas em situação de rua, podendo comportar até 140 cidadãos em vulnerabilidade, enfatiza o secretário.

Pessoas em situação de rua no Calçadão de Pelotas

O centro de Pelotas abrange um grande fluxo de pedestres diariamente. A população que circula pelo tradicional calçadão pelotense nota a presença de algumas pessoas em situação de rua juntamente aos comércios da região. Quanto à essas pessoas, Tiago afirma que “A gente manda a equipe de abordagem, convida as pessoas para sair, e eu não posso ir além disso, não posso tirar as pessoas de forma compulsória da rua, a legislação não me permite”

“Eu não tenho co-financiamento do Governo Federal para ampliar esses serviços”

Tendo em vista o descontentamento de alguns lojistas perante à situação, Tiago salienta a falta de uma política nacional que trate dos assuntos relacionados à população em situação de rua. “Enquanto não tivermos uma política nacional, não é desculpa do município”, afirma o Secretário que expõe a falta de apoio do Governo Federal para a ampliação dos serviços relacionados

Perfil das pessoas em situação de rua em Pelotas

Conforme levantamento colocado pelo secretário, a maioria das pessoas em situação de rua no município são homens na faixa etária de 35 a 50 anos. Destas pessoas, mais de 90% delas fazem uso diário de algum tipo de droga, principalmente álcool.

Também, segundo Tiago, muitos usuários de crack circulam pelo município, estes, oferecem mais dificuldades aos responsáveis pelos serviços de acolhimento.

Há uma solução?

Apesar da complexidade do problema, medidas como o reforço de equipes de abordagem, diálogos com sindicatos que envolvem o comércio local são . Tiago Bundchen incentiva para que os lojistas das regiões centrais cessem o apoio às pessoas em situação de rua, como fornecer marmitas e caixas de papelão, pois estas ações tornam-se convenientes para que eles permaneçam nos locais e não aceitem o apoio dos órgãos municipais responsáveis por realizar o acolhimento destas pessoas.

O presidente do Sindilojas Pelotas, Renzo Antonioli, um dos principais representantes do comércio na região, foi convidado para expressar sua posição sobre assunto, mas recusou o convite por considerar que a administração municipal é “inoperante” e “só arruma desculpas e por a culpa em outros” para os problemas enfrentados na cidade.

A reportagem do Portal Clic Pelotas entrou em contato com o dirigente do CDL Pelotas, Daniel Centeno, que afirmou estar alinhando uma campanha de conscientização com os lojistas do centro da cidade. O objetivo é deixar de auxiliar diretamente os moradores de rua com doação de alimentos, roupas e ítens solicitados como papelão, para que eles busquem os atendimentos especializados da prefeitura.