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18 de setembro de 2024

Quais os riscos de utilizar ácidos na pele sem orientação médica?

Embora amplamente presentes na composição de cosméticos, determinados ácidos não devem ser utilizados sem acompanhamento de um dermatologista. Saiba quais tipos e suas recomendações de uso


Por Kathrein Silva Publicado 01/09/2024
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Foto: Michael Baumgarten

O desejo de ter uma pele jovem, iluminada e uniforme leva muitas pessoas a seguirem recomendações de não especialistas. Quem nunca comprou um produto apenas por ver boas avaliações nas redes sociais? Embora isso seja comum, não é aconselhável adquirir produtos com fórmulas complexas e ativos, como determinados ácidos, sem antes verificar se são adequados para o seu tipo de pele.

Nos últimos anos, alguns ácidos se tornaram populares para além dos consultórios dermatológicos e foram incorporados na composição de produtos de skincare acessíveis a qualquer pessoa. Esses ácidos são amplamente utilizados em uma variedade de cosméticos, como cleansers, toners, serums, esfoliantes e cremes, visando tratar diferentes problemas de pele. No entanto, apesar de facilmente encontrados, muitos desses produtos possuem contraindicações e precisam ser aplicados em situações específicas que demandam acompanhamento médico.

“É muito perigoso usar os ácidos sem as informações e orientações corretas. Isso porque cada pessoa tem níveis diferentes de sensibilidade. Alguns desses produtos não são indicados para gestantes ou lactantes, por exemplo, e, frequentemente, devem ser aplicados apenas à noite para evitar exposição ao sol”, alerta a dermatologista Ligia Novais. Abaixo, a médica explica por que é fundamental usar esses produtos conforme as instruções e buscar a orientação de um profissional, especialmente ao incorporar ácidos mais potentes na rotina de skincare

Como funcionam os ácidos na pele?

Os ácidos na pele funcionam de diversas maneiras, dependendo do tipo e da concentração. “A grande maioria dos ácidos provocam uma regeneração da pele, fazendo isso ao agredi-la para que ela se renove”, diz Ligia. Os alfa-hidroxiácidos (AHAs), como o ácido glicólico e o ácido lático, promovem a esfoliação, ajudando a remover células mortas e melhorando a textura. O ácido hialurônico, um umectante, atrai e retém a umidade, mantendo a pele hidratada. Já o ácido salicílico, um beta-hidroxiácido (BHA), penetra nos poros para desobstruí-los e controlar a produção de sebo, sendo especialmente benéfico para peles acneicas.

Outros ácidos, como o ácido kójico e o ácido ascórbico, ajudam a reduzir manchas e uniformizar o tom da pele, enquanto o ácido retinoico estimula a produção de colágeno, melhorando a firmeza e a elasticidade. “Os ácidos não são vilões do skincare e muitas vezes são necessários para o tratamento de diferentes condições de pele. Não à toa são tão difundidos no universo da beleza, no entanto, o uso indiscriminado e sem acompanhamento de alguns ácidos pode ser altamente nocivo à pele”, alerta a médica.

Quais as consequências do uso de ácido sem indicação médica?

A médica explica que o uso inadequado de ácidos pode causar irritação, resultando em vermelhidão, sensação de queimação e desconforto na área aplicada. Ácidos, especialmente aqueles usados em altas concentrações, podem levar à descamação excessiva da pele, deixando-a sensível e vulnerável. Além disso, muitos ácidos, como os alfa-hidroxiácidos (AHAs) e beta-hidroxiácidos (BHAs), aumentam a sensibilidade da pele ao sol, elevando o risco de queimaduras solares e danos UV, que podem resultar em hiperpigmentação e envelhecimento precoce. “Existem ácidos com efeitos mais brandos, como o ácido lático ou o ácido hialurônico que tem performance hidratante, e outros mais fortes, como o tranexâmico, o glicólico e o retinoico”, diz a médica.

Sem uma avaliação adequada, pode-se não estar ciente de possíveis alergias a determinados ácidos, o que pode desencadear reações alérgicas graves. O uso incorreto de ácidos pode alterar o pH natural da pele, comprometendo a barreira cutânea e tornando a pele mais suscetível a infecções e outros problemas. Além disso, o uso inadequado pode causar manchas escuras (hiperpigmentação) ou manchas claras (hipopigmentação), especialmente em peles mais escuras.

Aplicações incorretas ou uso excessivo podem causar danos profundos na pele, levando a cicatrizes permanentes. Portanto, é sempre aconselhável consultar um dermatologista antes de iniciar qualquer tratamento com ácidos para garantir que o produto e a concentração escolhidos sejam apropriados para o seu tipo de pele e necessidades específicas.

Qual a função dos ácidos mais comuns em produtos de skincare

Ácido Glicólico: Ele promove a esfoliação, melhora a textura da pele e reduz manchas. Mas se usado incorretamente, pode causar irritação, vermelhidão e aumento da sensibilidade ao sol.

Ácido SalicílicoConhecido entre pessoas que lutam contra a acne, o ácido salicílico penetra nos poros, ajuda a desobstruí-los e controla a oleosidade, sendo eficaz no tratamento de espinhas. Seu uso incorreto pode acarretar em irritação, ressecamento excessivo e potencial para causar alergias.

Ácido Lático: Este ácido esfolia e hidrata a pele, sendo mais suave e adequado para peles sensíveis. No entanto, seu uso inadequado pode resultar em irritação, especialmente em peles muito sensíveis.

Ácido Hialurônico: Um umectante que atrai e retém a umidade, proporcionando hidratação intensa. Os riscos são raros, mas algumas formulações podem causar leve irritação.

Ácido Ascórbico (Vitamina C): Conhecido por suas propriedades antioxidantes, ele protege contra danos dos radicais livres, clareia manchas e estimula a produção de colágeno. Se usado em concentrações muito altas, pode causar irritação e desconforto.

Ácido KójicoUtilizado para clarear manchas e uniformizar o tom da pele, inibindo a produção de melanina. Seu uso inadequado pode levar a irritação e reações alérgicas em algumas pessoas.

Ácido AzelaicoCom propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas, é eficaz no tratamento de acne e rosácea. No entanto, seu uso incorreto pode causar irritação, ardência e descamação.

Cuidado ao misturar ativos de skincare com ácidos

De acordo com o dermatologista Alessandro Alarcão, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e sócio efetivo e conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), a combinação de certos ativos com determinados ácidos pode ser prejudicial para a pele. “Além de prestar atenção aos ativos e produtos que podem ou não ser combinados, é importante verificar a concentração desses ativos, pois, dependendo da quantidade, alguns ingredientes podem potencializar outros e causar dermatites, alergias e sensibilidade na pele”, aconselha.

O dermatologista desaconselha a mistura de certos ingredientes ativos na mesma etapa de skincare, como peróxido de benzoíla, retinol e vitamina C, pois podem causar ressecamento e irritação na pele. O peróxido de benzoíla, usado para tratar acne, pode anular os efeitos da vitamina C e do retinol. Além disso, combinar vitamina C e retinol pode alterar o pH da pele e ressecá-la; o ideal é usar vitamina C de manhã e retinol à noite, garantindo a remoção completa do antioxidante antes de aplicar o retinol. O ácido glicólico, útil para regeneração celular e controle da oleosidade, não deve ser combinado com retinol na mesma etapa, sendo necessário um intervalo de pelo menos seis horas entre os dois.

Combinações como ácido salicílico e retinol, assim como peróxido de benzoíla e hidroquinona, também são desencorajadas devido ao risco de causar irritação, vermelhidão e até queimaduras. O ácido salicílico, eficaz no tratamento da acne, pode sensibilizar a pele quando usado com retinol. O peróxido de benzoíla, um potente antimicrobiano, e a hidroquinona, utilizada para clarear manchas, podem juntos causar hipersensibilidade e queimação. Portanto, é crucial considerar a compatibilidade e a concentração desses ativos ao planejar uma rotina de cuidados com a pele.

Fonte: Vogue