Usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso portal, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com este monitoramento. Leia mais na nossa Política de Privacidade.

22 de novembro de 2024

GAECO desarticula esquema comandado por facção do Presídio de Pelotas

A ação envolveu mais de 100 pessoas investigadas, incluindo 27 detentos e 10 empresas


Por Redação Clic Pelotas Publicado 22/11/2024
Ouvir: 00:00
A (94)
Foto: Divulgação MPRS

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) desarticulou, nesta sexta-feira (22), um esquema criminoso operado a partir do Presídio Regional de Pelotas (PRP). A operação, realizada em 13 cidades dos três estados do Sul do Brasil, envolveu cerca de 700 agentes cumprindo mais de 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e remoção de apenados. A organização criminosa movimentou mais de R$ 32 milhões.

Com apoio dos GAECOs dos Ministérios Públicos de Santa Catarina e Paraná, Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Receita Estadual e Vigilância Sanitária Estadual, as operações Caixa-Forte II e El Patron foram deflagradas. A investigação revelou a venda de drogas e ingresso de materiais ilícitos no PRP, inclusive com a participação de um policial penal, além de um esquema de microcrédito com juros de até 280% e métodos de cobrança típicos de uma organização criminosa.

📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.

O coordenador do GAECO, promotor de Justiça André Dal Molin, destacou a importância da ação: “O GAECO atua focado na higidez do sistema prisional e na desarticulação financeira de organizações criminosas, combatendo os negócios ilegais dos seus líderes e buscando recuperar os valores obtidos ilicitamente”.

As operações foram coordenadas pelo promotor de Justiça Rogério Meirelles Caldas, do 10° Núcleo do GAECO/Sul. Segundo ele, “o lucro obtido com o tráfico era usado para capitalizar a agiotagem e também para lavagem de capitais. Tudo era retroalimentado pela organização criminosa”.

A ação envolveu mais de 100 pessoas investigadas, incluindo 27 detentos e 10 empresas, e contou também com a participação dos promotores de Justiça Manoel Antunes, Maristela Schneider e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho.

OPERAÇÃO CAIXA-FORTE II

Uma organização criminosa, que montou um centro operacional no PRP para ingressar no local com materiais ilícitos, principalmente celulares, e vender drogas também para toda a região, já havia sido alvo do GAECO em dezembro do ano passado. Na Operação Caixa-Forte I , foram apreendidos celulares, drogas, dinheiro e muitos documentos. Com a análise dos materiais, como livros-caixa, foi desencadeada a Operação Caixa-Forte II. O promotor Rogério Caldas identificou a estrutura hierárquica do grupo, com núcleos que vão da gerência às finanças, envolvendo diversos laranjas.

Ele também descobriu que, em 10 meses do ano passado, a facção movimentou R$ 2,6 milhões somente com o tráfico e ingresso de celulares no presídio. Além disso, no PRP, os criminosos contavam com a participação de um policial penal corrupto que colaborava com a facção. O servidor é um dos alvos da operação e foi preso nesta sexta-feira. Houve uma revista no PRP e oito líderes da organização criminosa foram removidos, sendo sete com prisão decretada pelos crimes investigados nesta operação. Também houve revistas, devido à participação de outros detentos, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e Presídio Regional de Bagé.

OPERAÇÃO EL PATRON

Devido à grande movimentação financeira, foi necessário criar uma segunda operação para apurar agiotagem e lavagem de capitais: a El Patron. Como um braço da Caixa-Forte II, o promotor Rogério Caldas diz que a facção também se envolvia com jogos de azar e rifas. Sobre a agiotagem, ele destaca que a organização criminosa utiliza um aplicativo para realizar operações de microcrédito. Por meio de laranjas, o grupo realiza empréstimos com anúncios nas redes sociais e age como se utilizasse empresas especializadas ou idôneas. No entanto, foram comprovados juros na casa dos 50%, 60%, 80%, 100% e até mesmo 280%. As cobranças eram feitas por meio de métodos usados no crime, ou seja, devedores eram ameaçados e sofriam outros tipos de sanções mais graves por parte dos integrantes da facção.

A maior parte dos mais de R$ 32 milhões movimentados era com empréstimos, jogos de azar, rifas e também lavagem de capitais. Sobre esta questão, foi autorizada pela Justiça a busca e apreensão de 28 veículos e de quatro imóveis em Pelotas. Outra forma de lavagem era por meio da aquisição ou investimentos em empresas. São 10 ao todo: açougues, frigorífico e uma imobiliária no Rio Grande do Sul e mais duas imobiliárias em Santa Catarina. Por fim, também havia lavagem de capitais por meio de depósitos em 1,3 mil contas bancárias em nome de laranjas.

COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

O GAECO/MPRS, os GAECOs dos Ministérios Públicos de Santa Catarina e Paraná, Susepe, Brigada Militar, Receita Estadual e Vigilância Sanitária Estadual reuniram cerca de 700 agentes nas duas operações e usaram um helicóptero. Foram cumpridos 19 mandados de prisão preventiva, 156 mandados de busca e apreensão, além da remoção de oito apenados do PRP e bloqueio de 1,3 mil contas bancárias.

No Rio Grande do Sul, são 152 mandados de busca e 18 prisões, em Santa Catarina são dois mandados de busca e no Paraná dois mandados de busca e uma prisão, a do líder da facção gaúcha investigada pelo GAECO. Os crimes apurados são de organização criminosa, lavagem de capitais, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva.

Confira as fotos das operações divulgadas pelo MPRS: