“Provavelmente não sairá da cadeia nesta vida”, afirma subchefe da Polícia sobre suspeita de envenenamentos no Litoral Norte
Deisi Moura dos Anjos é suspeita de ter adicionado arsênico em ingredientes utilizados para bolo que causou mortes em Torres; não são descartados outros envenenamentos
A Polícia Civil realizou uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (10) para divulgar novas informações sobre o caso do bolo envenenado em Torres. Deisi Moura dos Anjos é suspeita de ter adicionado arsênico em ingredientes utilizados para o doce que causou três mortes e não são descartados outros envenenamentos.
O caso
A repercussão iniciou no dia 23 de dezembro de 2024 quando seis pessoas da mesma família foram hospitalizadas após comerem fatias do bolo.
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O doce, preparado por Zeli dos Anjos, que segue hospitalizada, era tradicional na família. Inicialmente a própria Zeli foi tratada como suspeita de ter envenenado o bolo. No entanto, a polícia não encontrou motivação para o crime e seguiu investigando outras possibilidades. A morte do esposo de Zeli, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro por intoxicação alimentar também passou a ser investigada.
Ao longo das apurações, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento onde o bolo foi consumido e também na residência de Dona Zeli, em Arroio do Sal. Na casa dela foi encontrado um pacote de farinha com arsênico, mesma substância encontrada nas vítimas. Uma das vítimas apresentava concentração deste veneno em quantidade 350 vezes maior que o suficiente para matar alguém.
Neste momento a polícia passou a buscar por possíveis desavenças de Zeli, chegando até a nora: Deisi Moura dos Anjos. Ela foi presa por suspeita de ter acrescentado a substância na farinha da sogra.
Novas informações
Nesta sexta-feira (10) também foi confirmada a presença de arsênico no corpo do sogro, que morreu em setembro e teve o corpo exumado para análise. Deisi e o marido visitaram Paulo e Zeli em 31 de agosto. Depois de consumir banana e leite em pó, o casal passou mal e foi hospitalizado. Paulo acabou morrendo, com crises de vômito, diarreia e sangramentos estomacais, interpretados na ocasião como sintomas de intoxicação alimentar.
Em depoimento para polícia, a suspeita admite relacionamento conturbado com a sogra e pesquisas sobre venenos na internet, mas nega ter envenenado os familiares do esposo. Ela ainda acrescentou que “não há bens a serem herdados” e que não teria motivo para envenenar ninguém.
Quatro mortes com arsênico
Até o momento, morreram Maida Berenice Flores da Silva (irmã da sogra), Neuza Denize Silva dos Anjos (irmã da sogra) e Tatiana Denize Silva dos Anjos (sobrinha da sogra), além do sogro, em setembro.
O marido da Maida e o filho de Tatiana também precisaram de atendimento médico, mas já receberam alta. Já Zeli Teresinha Silva dos Anjos (sogra da suspeita), segue hospitalizada.
Outros possíveis envenenamentos
De acordo com a delegada Sabrina Deffente, há fortes indícios de que ela tenha praticado outros envenenamentos em pessoas próximas da família, os quais serão objeto de investigação a partir de agora. Ela pesquisou sobre venenos, incluindo uma receita de veneno sem cheiro e sem gosto. A partir desta combinação de elementos, segundo Deffente, Deisi começou a tentar envenenar familiares.
A defesa
A defesa de Deise afirma que “as declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso”, portanto “aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação”.
Nota da defesa na íntegra
O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.
Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.
A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.
Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito.