Usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso portal, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com este monitoramento. Leia mais na nossa Política de Privacidade.

11 de dezembro de 2024

Ministério Público do RS deflagra Operação Leite Compensado 13 e prende “mago do leite” por adulteração de laticínios

O químico, já investigado na quinta fase da operação em 2014 por adulteração de leite em outra indústria no Vale do Taquari, continuava a operar clandestinamente, mesmo proibido judicialmente de atuar no setor


Por Pablo Bierhals Publicado 11/12/2024
Ouvir: 00:00
1280 x 720 – 2024-12-11T141343.494
Foto: Divulgação/MPRS. Ministério Público do RS deflagra Operação Leite Compensado 13 e prende “mago do leite” por adulteração de laticínios.

Quase 12 anos após a primeira fase da operação e pouco mais de sete anos depois da última etapa, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) lançou, nesta quarta-feira (11), a 13ª fase da Operação Leite Compen$ado, com foco em combater fraudes na produção de laticínios. A ação, realizada em parceria com diversas instituições, resultou na prisão do químico industrial conhecido como o “alquimista” ou “mago do leite”, reincidente em práticas fraudulentas.

Por meio das Promotorias de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre e de Defesa do Consumidor, foi constatado que uma indústria de laticínios em Taquara, no Vale do Paranhana, produzia derivados como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos com a adição de soda cáustica, água oxigenada e outras substâncias prejudiciais à saúde. Também foram encontradas sujeira e pelos indefinidos dentro de embalagens durante as inspeções.

📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.

Fraudes sofisticadas e reincidência

O químico, já investigado na quinta fase da operação em 2014 por adulteração de leite em outra indústria no Vale do Taquari, continuava a operar clandestinamente, mesmo proibido judicialmente de atuar no setor. Nesta fase, foi identificado o uso de fórmulas aprimoradas que dificultam a detecção de substâncias adulterantes nos exames, revelando a evolução das práticas fraudulentas.

Operação e prisões

A ofensiva contou com 110 agentes que cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências localizadas em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São Paulo. Entre os presos estão o químico industrial, o sócio-proprietário da indústria, dois gerentes e uma funcionária.

Um dos detidos foi encontrado com uma arma de fogo com numeração raspada, e a funcionária foi presa em flagrante por tentar obstruir a investigação, alertando colegas para esconderem provas.

Riscos à saúde e distribuição

As substâncias usadas nas adulterações incluem soda cáustica, utilizada para mascarar a acidez do leite, e água oxigenada, aplicada para disfarçar a deterioração dos produtos. Essas práticas representam riscos graves à saúde, como a possibilidade de contaminação por metais pesados cancerígenos.

Os produtos da indústria são amplamente distribuídos no Brasil e exportados para outros países, como a Venezuela. A empresa também venceu diversas licitações para fornecimento de laticínios, incluindo contratos com escolas públicas.

Marcas e lotes

A Justiça ainda não autorizou a divulgação das marcas envolvidas. Exames mais detalhados estão sendo realizados para identificar os lotes contaminados, devido às dificuldades impostas pelas fórmulas adulteradas.

leite1112_01

AS 12 FASES ANTERIORES

Operação Leite Compen$ado 1
Maio de 2013 – Foram realizadas oito prisões, todos suspeitos ligados a transportadoras. Os investigados eram transportadores e responsáveis por postos de resfriamento do leite. As ações ocorreram em Ibirubá, Horizontina e Selbach, no Noroeste, Tapera, no Norte, e Guaporé, na Serra, onde uma indústria foi interditada.

Operação Leite Compen$ado 2
Maio de 2013 – Cinco mandados de prisão preventiva foram cumpridos em Rondinha – com três presos – e Boa Vista do Buricá, no Norte, e em Horizontina, no Noroeste, com a prisão de um vereador e empresário do setor de transporte de leite. Ainda, foi encontrada fórmula para adulteração do leite em Boa Vista do Buricá.

Operação Leite Compen$ado 3
Novembro de 2013 – Na ocasião, foi preso um transportador e detectada, pela primeira vez, a presença de água oxigenada no leite. A operação ocorreu em Três de Maio, no Noroeste.

Operação Leite Compen$ado 4
Março de 2014 – A operação ocorreu em oito cidades gaúchas com a prisão de um empresário em Condor, na Região Norte, quando foi apreendida mais de meia tonelada de soda cáustica. Mandados judiciais foram cumpridos ainda em Bossoroca e Vitória das Missões, nas Missões, Santo Augusto, no Norte, Ijuí e Panambi, no Noroeste, Tupanciretã e Capão do Cipó, na Região Central.

Operação Leite Compen$ado 5
Maio de 2014 – Foram cumpridos três mandados de prisão em 10 cidades do Vale do Taquari e Vale do Sinos, com foco em Imigrante, onde o alquimista, alvo da 13ª fase, foi preso pela primeira vez pelo MPRS, e Paverama, sede de duas indústrias de laticínios. Os dois proprietários das indústrias também foram detidos por darem ordens para adição de soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada no leite. Houve, ainda, cumprimento de ordens judiciais em Teutônia, Arroio do Meio, Encantado, Venâncio Aires, Marques de Souza, Travesseiro, Novo Hamburgo e Cruzeiro do Sul.

Operação Leite Compen$ado 6
Junho de 2014 – A operação contra fraude do leite teve também ramificação no Paraná, com quatro presos. Mandados judiciais foram cumpridos nas cidades paranaenses de Londrina e Pato Branco e nos municípios gaúchos de Ijuí, Taquaruçu do Sul, Ibirubá, Campina das Missões, Alegria, Boa Vista do Buricá, Crissiumal, São Valério do Sul, São Martinho, Cruz Alta e Coronel Barros.

Operação Leite Compen$ado 7
Dezembro de 2014 – Um posto de resfriamento foi interditado em Jacutinga, no Norte gaúcho, e outro ficou em regime de fiscalização. Havia adição de sal no leite adulterado com água. Foram cumpridos 17 mandados de prisão e outros 17 de busca e apreensão em seis municípios do Norte: Erechim, Jacutinga, Maximiliano de Almeida, Gaurama, Viadutos e Machadinho.

Operação Leite Compen$ado 8
Maio de 2015 – Houve oito prisões nesta fase e apreensão de produtos químicos no Norte do Estado. Foi comprovada a tentativa de repassar leite com larvas. Havia adição de ureia, álcool e soda cáustica. Os investigados eram donos de transportadora e motoristas.

Operação Leite Compen$ado 9
Setembro de 2015 – O MPRS apurou e comprovou que leite azedo era vendido como saudável. Houve quatro prisões nos municípios de Esmeralda, na Serra, e Água Santa, no Norte.

Operação Leite Compen$ado 10
Outubro de 2015 – Na ocasião, donos de laticínios foram presos por adulteração do produto. A operação ocorreu de forma simultânea com a Operação Queijo Compen$ado 2. Os mandados judiciais foram cumpridos em Venâncio Aires, Lajeado, Mato Leitão, Arroio do Meio, Montenegro e Carlos Barbosa.

Operação Leite Compen$ado 11
Julho de 2016 – Pela primeira vez se comprovou a presença de coliformes fecais, além de água oxigenada e amido em amostras de leite analisadas. A operação ocorreu junto com a Operação Queijo Compen$ado 4. Houve cinco prisões e ordens judiciais cumpridas em São Pedro da Serra e Caxias do Sul, na Serra, em Estrela, no Vale do Taquari, além de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos.

Operação Leite Compen$ado 12
Março de 2017 – Houve cinco prisões e quatro mandados de busca cumpridos em três laticínios. A operação ocorreu em Nova Araçá, na Serra, Casca e Marau, no Norte, Estrela e Travesseiro, no Vale do Taquari. O MPRS divulgou áudios em que integrantes da cadeia leiteira debochavam ao falar que “o leite só poderiam ter como destino a alimentação de animais”.