PF liga Bolsonaro a esquema para desviar mais de R$ 25 milhões
Sigilo de relatório da PF foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes
A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve envolvido no desvio ou tentativa de desvio de mais de R$ 25 milhões em presentes, como esculturas, joias e relógios, recebidos de países estrangeiros durante seu mandato. A investigação revelou uma associação criminosa destinada a desviar e vender esses objetos de valor, recebidos por Bolsonaro como presentes oficiais.
O relatório da PF indica que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e integravam o patrimônio pessoal do ex-presidente, através de intermediários e sem utilização do sistema bancário formal, com o intuito de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
Bolsonaro e Outros 11 Indiciados por Vários Crimes
Na semana passada, Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório de 476 páginas, assinado pelo delegado Fábio Shor, foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira (5). Na segunda-feira (8), o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, levantou o sigilo do relatório e encaminhou o processo para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se arquiva o caso ou denuncia os indiciados.
Detalhes do Relatório da PF
O relatório detalha que a associação criminosa desviava presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro e comitivas do governo em viagens internacionais. Esses presentes, entregues por autoridades estrangeiras, eram posteriormente vendidos no exterior. A atuação ilícita resultou em um desvio de bens avaliados em US$ 4.550.015,06 ou R$ 25.298.083,73.
Parte desse dinheiro pode ter sido utilizado para custear a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos, onde permaneceu por mais de três meses após deixar a presidência.
Operação de Recuperação e Ocultação de Bens
Em março de 2023, uma nova operação foi organizada para recuperar itens vendidos no mercado. O objetivo era “escamotear a localização e movimentação dos bens desviados do acervo público brasileiro e tornar seguro, mediante ocultação da localização e propriedade, os proventos obtidos com a venda de parte dos bens desviados”, concluiu a PF.
Colaboração de Mauro Cid
As investigações contaram com a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de colaboração premiada. A participação do pai de Mauro Cid, o general do Exército Mauro Lorena Cid, também foi destacada, indicando que ele intermediou o repasse de US$ 68 mil em espécie ao ex-presidente.